23 de junho de 2009

Insônia

Senhores, boa madrugada.

São 4 da matina, e estou feito uma coruja, com os olhões abérrrtos (tentativa de sotaque caipira failed...).

Hoje em dia qualquer um pode ter um blog, então lá vamos nós tentar de novo. Afinal de contas, o melhor do Brasil é o brasileiro e a teimosia é a força de vontade dos chatos.

Mas vamos começar isso com um tema, a ver se dessa vez vai (pro vinagre, pro brejo, mas pra algum lugar vai). Vou falar sobre músicas (um bom bocado) e ouvintes (nem tanto), mas não esperem grandes ensaios antropológicos. Essa postagem será toda de orelhada.

Abrindo com o que eu gosto de ouvir (pode me chamar de narcisista, eu sou mesmo!):

1) Música celta: Enya, Clannad, The Chieftains, Altan, Anúna, Celtic Woman, etc. Ritmos contagiantes, letras que são pura poesia, melodias poderosas e/ou pungentes, e o som das diversas variedades de gaélico é realmente qualquer negócio.

2) Música japonesa: enka (gênero meio ocidentalizado mas ainda muito característico dela, vocais femininos fantásticos - desde que você não se preocupe com diabete, já que o nível glicêmico de muitas das músicas é quase inigualável), folk japonês (shamisen - "violão" de 3 cordas -, shakuhachi - flauta de bambú - e koto - híbrido de violão e harpa) e trilhas de animês, games e filmes (Joe Hisaishi é o cara!).

3) Música erudita: tudo, desde Barroca até Clássica Contemporânea. Googleiem Iannis Xenákis, Arvo Part, Eric Satie e Einojuhani Rautavaara, só para começar a brincadeira.

4) Jazz, soul e blues: muuuita música. Vou deixar alguns nomes: Eberhard Weber, Dave Brubeck, Ella Fitzgerald, Aretha Franklin, Thelonious Monk e Charles Mingus. Tem mais, mas não estou com vontade de fazer listas completas.

5) Samba de raiz: Beth Carvalho, Noel, Cartola, Pixinguinha e tantos outros mestres. Por que samba de verdade é uma coisa, essa porcaria que enfiam nas rádios é outra completamente diferente, ao contrário do que eu leio ou ouço em alguns lugares.

6) Sertaneja de raiz: Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Renato Teixeira, Rolando Boldrin, Almir Sater, Jacó e Jacozinho, Inezita Barroso e mais tantos outros mestres. Novamente, sertaneja de verdade é uma coisa, sertanojo é outra. E Xitãozinho e Chororó não são músicos, são prostitutos. Se tem uma dupla de vendidos no cenário musical brasileiro, são eles. Peguem seus primeiros discos, com pérolas como a canção que dá nome à dupla e "A majestade, o sabiá", e esse lixo que eles fazem hoje, e me digam se não dá vontade de pegar os dois e dar-lhes uma surra de peixe morto!

7) Badi Assad: essa moça merece um verbete à parte, como de resto todo brasileiro que precisou ir para o exterior para poder fazer sucesso (gravadoras e rádios, vosso lugar no inferno está garantido!). Deixo o link para sua página oficial, a voz dela é uma seda e sua musicalidade transborda de uma forma indescritível a cada canção: http://www.badiassad.com/.

E já chega, que ainda tem chão e eu quero dizer mais coisas.

Análise do ouvinte: metido a culto, exibido e esquizofrênico. Ou seja, eu.

Agora vamos à descida de lenha gratuita e entupida de generalizações, que era o verdadeiro propósito dessa postagem quando eu tinha começado. Quero encher o saco de meio mundo e agradar apenas quem for tão "seboso" quanto eu. Spoiler: muito achismo e muitas generalizações estúpidas (pleonasmo? talvez...).

Axé: ritmo enjoado, letras obtusas e emburrecedoras, filosofia de vida medíocre (sexismos ao luar, pornografia e apologia à imbecilidade), coreografias obscenas e muito jabaculê para as rádios (tomem nota: quanto só toca na base do jabá, boa coisa não pode ser). Prova matemática de que só toca com jabá: sintonizem vossos rádios agora no inverno e percebam como tem bem menos axé que de costume no ar. Esse "ritmo" pertence à categoria "músicas de calor"/"músicas de verão", que empesteia as ondas do rádio com mais força por volta do Carnaval, categoria essa que só existe graças ao mau e ancestral jabaculê. Seus ouvintes costumam ser pessoas rasas ou pouco afeitas ao raciocínio lógico, com gostos pouco ou nada refinados e faltos de cultura musical (ou de qualquer outra espécie). Quem ouve axé não ouve música erudita. O mesmo diagnóstico e quase a mesma descrição caem como uma luva para o "funk carioca".

Pagode: letras medíocres, melodias pobres, ritmos primários, harmonia zero e muito jabá. Quem ouve e diz que é samba definitivamente não entende Fanta-uva de música. Aliás, cabe aqui um esclarecimento: o nome pagode não pertence, originalmente, a essa degeneração do samba que as grandes gravadoras empurram goela abaixo de nossa pobre patuléia ensandecida. Pagode, originalmente, era um ritmo sertanejo conhecido como pagode de viola ou pagode caipira. Fica um link para quem quiser se aprofundar: http://www.revistaviolacaipira.com.br/link09-18.htm. Os ouvintes do pagodinho de plástico (essa excrecência derivada - mal e porcamente, diga-se de passagem - do samba, onde um canta com voz anasalada e 8 fazem dancinha tosca atrás do "vocalista") são ainda mais obtusos e barbáricos que os ouvintes de "música de calor" (axé e "funk carioca").

Rock: aí a coisa complica. Existem algumas variedades de rock, e cada uma é um gênero musical completamente distinto. Vou mencionar algumas famílias, mas a lista completa pediria um post só para isso.

Vamos começar com os diversos tipos de metal: É TUDO A MESMA COISA. Se metal, então tudo igual. Hmmm... Quase tudo, por que tem os metais melódico e progressivo, que fazem parte da família do rock progressivo, e não da família heavy-metal. Mas tirando esses membros da família do progressivo, todo metal tem vocais guturais, letras questionáveis e mais "atitude" que musicalidade. Seus ouvintes são fanáticos da pior espécie e acham que são a última Coca-Cola gelada no meio do deserto.

Rock progressivo e krautrock: letras psicodélicas ou ausentes (muita música instrumental pura nessa família), melodias intrigantes, harmonias incomuns e capacidade de remeter a estados alterados de consciência. Grupos e artistas como Tangerine Dream, Emerson-Lake-and-Palmer e Rick Wakemann, entre outros. Seus ouvintes podem tanto ser metidos a cult quanto altamente intelectualizados, pouco ou nada afeitos ao mainstream e a opiniões convencionais. O tipo de gente que gosta de visitar a FNAC e a Livraria Cultura como programas de fim de semana. Ainda preciso dizer que me amarro nesse som?

Pop-rock: aí o bicho pega. Esse rótulo é tão elástico quanto MPB e ainda mais problemático. Abrange desde "boy-bands" (lixo! lixo! lixo!, queima eles, Jesus!!!) até compositores-cantores como Laura Pausini (diva! adoro! fantástica! casa comigo, mulher!!!). Seus ouvintes podem incluir absolutamente qualquer tipo de gente, dada a elasticidade do rótulo. A mesma análise vale para MPB, ipsis literis.

Saindo do rock, vamos para alguns outros tipos que eu ouço (haja ego...). Como já falei dos tipos de música, vou me restringir aos tipos de ouvinte. Seguirei a mesma ordem da lista.

1) Bichos-grilos, pessoal da Nova Era e místicos em geral se amarram em música céltica. Esse tipo de gente é que faz com que todos os artistas do gênero sejam automaticamente classificados como New-age, para desgosto de quem ama boa música e não é xarope. Os demais ouvintes tem sensibilidade musical apurada e gosto por ritmos energéticos (ou uma vontade de aparecer fantastólica).

2) Pessoal da colônia, otakus, pedantes ou thrill-seekers. As diversas sonoridades da produção musical nipônica são muito características, pedindo ouvidos "educados". Muitas dessas sonoridades são "gostos adquiridos" (tal como o gosto por vinho, por exemplo) e pedem um certo esforço da parte do ouvinte iniciante.

3) Old-schoolers, idosos, pedantes, alguns thrill-seekers (ouvintes de clássicos contemporâneos tais como Stockhausen e Iannis Xenákis) ou gente realmente culta. Novamente, muitas sonoridades dentro das diversas correntes do gênero pedem graus variados de esforço (e às vezes até de algum tanto de disciplina) da parte do ouvinte não iniciado.

4) Desde easy-listeners (jazzinho no estilo bossa-novesco) até thrill-seekers (Charles Mingus e Thelonious Monk compuseram verdadeiras montanhas-russas musicais). Quase a mesma análise dos ouvintes de erudita.

5) Old-schoolers e saudosistas em geral. Somos (pãtz... alguém alfinete meu ego para que ele desinche um pouco, por favor, obrigado!) poucos e estamos em extinção.

6) Idem acima.

7) Precisa de explicação para gostar da música que essa fada faz???

Ah, esqueci de mencionar os músicos-comediantes. Outro grupo tão variado quanto os tipos de rock. Menciono alguns: Juca Chaves, Língua de Trapo, Premeditando Breque e Rogério Skylab. Todos gênios, cada qual à sua maneira, mas todos de um lirismo inigualável, desde a poesia fina e sofisticada de Juca Chaves até o deboche niilista e torturado de Skylab.

E agora vou voltar pra cama, antes que a patroa resolva triturar meu micro. Bom dia, cambada!

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, não sabia que o nando sabia menos de Metal do que eu sei de genética! 'o'

Você é realmente um tapado em se tratar de rock, o verdadeiro tipo que só sabe do que gosta e o que não gosta ignora e joga tudo no mesmo saco, mas eu perdôo por que você é legal.. x)

Gostei do blog, gosto quando as pessoas falam do que não gostam, é menos passassão-de-mão na cabeça dos que lêem e mais polêmica.

Abraços, Lai~